Falar de dinheiro em casa ainda é um tabu para a maioria do brasileiros. Principalmente porque vivemos um momento de crise e recessão. Contudo, é possível atravessar esses períodos ruins de maneira mais tranquila e confortável.
A chave para isso é fazer um planejamento financeiro familiar. Essa prática serve para indicar caminhos que, a longo prazo, darão mais segurança financeira para você e seus entes queridos.
No entanto, isso não é uma realidade em nosso país. Um levantamento realizado em todas as capitais pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) comprova isso.
O estudo aponta que somente 44% dos brasileiros falam frequentemente sobre dinheiro com os membros da família. Já 39% só entram nesse assunto apenas quando a situação financeira não é boa ou imaginam que pode surgir um problema.
Para pessoas casadas ou que vivem em união estável, o tema dinheiro pode ser ainda mais delicado, especialmente se não houver um diálogo franco e transparente entre as partes.
Ainda de acordo com a pesquisa, 48% dos consumidores que vivem com o companheiro já brigaram com a esposa ou o marido por causa de dinheiro.
Sendo que em 9% dos casos essa é uma atitude que acontece com frequência. Outros 52% disseram nunca ter vivenciado essa situação.
Entre casais falar de dinheiro em casa também é problema
Entre casais, falar de dinheiro em casa também é um problema, de acordo com o estudo. Os principais motivos para o conflito entre os casais são o fato de o companheiro gastar além das condições financeiras (46%).
Já as discordâncias entre prioridade de gastos dentro de casa é de 32% e atraso no pagamento das contas, 28%.
Os que citam a dificuldade em formar uma reserva financeira por gastar tudo o que ganham somam 28%. Outros 21% mencionam a rigidez do companheiro no controle dos gastos.
De modo geral, 46% dos entrevistados acreditam que eles próprios são os que têm mais cuidado com o controle das finanças em casa. Para 26%, esse cuidado maior é do cônjuge, e 27% consideram que os dois são controlados.
Mulheres e homens omitem gastos e prejudicam orçamento
Os tipos de compras que os entrevistados mais “escondem” do marido ou da esposa são:
– roupas – 45%;
– acessórios (bolsas, bijuterias) – 29%;
– maquiagens, perfumes e cremes – 28%;
– calçados – 25%.
Na comparação entre gêneros, as idas para bares, restaurantes e cinema são as compras mais omitidas entre os homens (33%, contra 9% entre as mulheres). Enquanto compras de acessórios se destacam no universo feminino (44%, contra 5% entre os homens).
Além de manter informações financeiras em segredo, muitos casais não se preparam para o futuro. Quase um terço (32%) dos brasileiros que vivem com o companheiro disse não ter um planejamento financeiro para o casal nos próximos cinco anos.
E levando em conta os 68% que possuem planos, 30% não fazem nada de concreto para atingir a meta estabelecida com o companheiro.
70% dos brasileiros não pouparam nada no último ano
O relatório Competências em educação financeira do Banco Central (BC) aponta que embora 64% dos brasileiros afirmem pagar suas contas em dia, 56% dos entrevistados assumiram não fazer orçamento doméstico ou familiar.
Além disso, 69% afirmaram não ter poupado nenhuma parte da renda recebida nos últimos 12 meses.
Dos 31% que pouparam parte da renda, mais da metade guardou menos do que 10%. Outros 30% pouparam entre 11% e 20% da renda.
Já 12% pouparam entre 21% e 30% dos vencimentos; e apenas 5% afirmaram ter poupado mais de 31% do dinheiro recebido nos últimos 12 meses.
Esse resultado indica que, além de o percentual de poupadores ser baixo, a parte da renda reservada à poupança não é elevada.
Como fazer um planejamento financeiro?
Fazer um planejamento financeiro é um método para amenizar a hora de falar de dinheiro em casa. Afinal, tudo ficará mais claro para que você possa iniciar os cálculos e arrumar as finanças.
Veja algumas dicas para colocar isso em prática:
1 – Análise da situação financeira atual – Inicie o seu planejamento financeiro avaliando qual é a sua situação financeira atual. Existe alguma dívida pendente? Você consegue pagar todas as contas mensais? Sobra dinheiro na sua conta bancária no final do mês? Você já tem uma reserva financeira?
2 – Faça projeções de gastos – Com base nas informações reunidas sobre a sua situação financeira, você pode fazer projeções simulando como seria o orçamento doméstico com os gastos da sua família ou do casal. Essa é a melhor forma de visualizar se isso seria viável financeiramente.
3 – Crie uma reserva financeira – Ter uma reserva financeira para cobrir gastos imprevistos é sempre recomendável. Por isso, comece a criar uma boa reserva com antecedência.
Como evitar conflitos por causa de dinheiro
Falar de dinheiro em casa nem sempre é uma tarefa fácil. Sempre existe a possibilidade de gerar desentendimentos. No entanto, ser honesto é fundamental.
Portanto, não há necessidade de caminhos extremos. Cada um com sua conta corrente, sem mostrar o saldo ao outro de jeito nenhum, para “proteger sua individualidade” ou, no sentido contrário, abrir uma conta conjunta e dar satisfação até dos centavos gastos na padaria.
A palavra de ordem é o equilíbrio. O casal deve encontrar a alternativa que melhor funcione para ele. Basta dividir a responsabilidade pelas despesas da casa, com cada um arcando com determinados pagamentos.
O importante é conversar periodicamente a respeito. Além de definir objetivos em comum e estabelecer uma estratégia adequada e justa para o casal.
A parcela de contribuição deve ser proporcional ao salário. Quem ganha mais arca com mais despesas.
O casal deve observar sua planilha com atenção, negociando gastos que podem ser descartados ou reduzidos. Nesta hora, é preciso entendimento.
Por exemplo: o marido pode abrir mão da assinatura da revista de esporte que chega e fica fechada na estante o mês todo.
Falar de dinheiro com os filhos também é importante
Existem algumas lições que podem ser ensinadas às crianças sobre dinheiro. Não importa a idade delas. A primeira e mais poderosa mensagem é a do exemplo.
No entanto, a melhor maneira de ensinar as pessoas é envolve-las nas soluções dos problemas. As crianças também precisam sentir que fazem parte das decisões de economizar e gastar dinheiro dentro do ambiente da família.
Portanto, converse com seus filhos sobre a diferença entre o custo e o valor das coisas, ensinando que nem tudo que custa mais caro é melhor. Bons produtos, de marcas mais acessíveis, podem ser comprados em detrimento aos artigos de grife.
Mostre o efeito negativo das propagandas, que nos estimulam a comprar coisas que não precisamos. Ensine a economizar dinheiro, para conseguirem comprar algo de maior valor no futuro.
Ao sair para as compras, converse com seu filho sobre os preços. Afinal, é necessário demonstrar que o dinheiro é um recurso finito. E, como diz o ditado, “quem poupa tem”.
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