A crise do coronavírus chegou à previdência privada. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), até 25 de março, revelam que o investimento sofre com perdas de até 40,7% no ano.
Se for considerado o desempenho acumulado desses mesmos fundos nos últimos 12 meses, apenas oito tipos registraram perdas. Nessa perspectiva, o resultado dos fundos de ações indexados ainda é negativo, mas as perdas ficam em 29,5%.
Já um levantamento feito pela Magnetis Investimentos mostra que, dos 1.521 fundos abertos para captação que já fecharam os dados do 1º trimestre, 79,7% tiveram resultado negativo e registraram quedas de até 40% na rentabilidade.
A advogada Ana Rita Petraroli, sócia-fundadora do Petraroli Advogados, especialista no assunto, ressalta que o momento é de prudência para quem mantém esse tipo de plano. Segundo ela, o momento é de manter o foco no planejamento feito para o futuro, pensando na ocasião da aposentadoria.
Vale ressaltar que, em 2019, o retorno médio dos fundos de previdência privada foi de 11,1%, ante 7,5% em 2018. O porcentual foi equivalente a 186,1% do CDI, segundo análise do mercado de PGBL/VGBL feita pela consultoria Prevue.
No ano, cerca de 82% desses fundos conseguiram retornos acima do indicador de referência.
Previdência privada com rendimento negativo
Fundo | Variação em 2020 (até dia 25/03) | Variação 12 meses |
Indexado | – 5,2% | + 8,4% |
Duração média grau invest. | – 0,28% | + 4,73% |
Duração livre grau invest. | – 32% | + 4,88% |
Ações indexados | – 40,7% | – 29,5% |
Multimercado livre | – 7,35% | 0,48% |
Fonte: Anbima
O que a especialista recomenda?
Para Ana Petraroli, a principal análise a ser feita é com relação ao resgate de valores da previdência privada. Segundo ela, deve-se avaliar se isso é imprescindível para sua subsistência agora, pois outras medidas podem ser tomadas para reduzir gastos, sem precisar mexer no valor já contribuído.
“Uma alternativa é fazer a portabilidade do plano para uma operadora com tarifas melhores”, explica Ana Petraroli.
Entretanto, a migração pode ser realizada apenas de uma tabela regressiva para uma progressiva, não o contrário; de um PGBL para outro PGBL; e de um VGBL para outro VGBL.
“O contribuinte pode, ainda, reduzir o aporte mensal ou, em casos mais extremos, interromper a contribuição e retomar quando for viável. Isso é melhor do que fazer uma retirada, pois a aplicação continua rendendo”, conclui Ana Petraroli.
Já para Gilvan Cândido, da FGV, a previdência é quase como uma poupança de longo prazo. “Os investidores não devem ficar nervosos com oscilações do mercado em períodos curtos, pois a tendência é que os preços se recuperem”, diz.
Susep tem ferramenta para comparar fundos
A Superintendência de Seguros Privados (Susep) criou uma ferramenta de comparação dos desempenhos dos fundos de investimento previdenciários.
As informações de 1.365 fundos foram organizadas de forma mais amigável para o investidor e já estão disponíveis no portal.
Na nova plataforma, os resultados estão organizados em períodos de observação de 12, 18 ou 24 meses e serão atualizados mensalmente – e não mais a cada quatro meses.
Além disso, o sistema vai permitir a comparação de até cinco fundos por vez, com visualização da rentabilidade em gráficos.
“A ferramenta era rudimentar. Agora está mais amigável e interativa. A motivação é dar mais transparência e apostar na meritocracia, com o consumidor premiando os melhores fundos”, diz Eduardo Fraga, diretor técnico da Susep.
“A prioridade da Susep é aumentar a concorrência”, completa.
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