A taxa básica de juros da economia Selic cai para 6% e você está se perguntando: e agora? O que muda?
Afinal, você deve ter visto em todos os noticiários que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, reduzir a Selic de 6,50% para 6,00% ao ano.
Este é o primeiro corte da taxa após 16 meses. Ele interrompe sequência de dez reuniões consecutivas de manutenção dos juros.
No entanto, para saber a resposta do que muda, primeiro você tem que entender o que é a Selic. Ela, em poucas palavras, é a taxa básica de juros da economia.
É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo BC para controlar a inflação.
Ela influencia todas as taxas de juros do país, tais quais as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.
Selic cai para 6%: quais os motivos?
O professor de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV) Mauro Rochlin explica que um dos principais motivos foi a aprovação da Reforma da Previdência.
Outro motivo, para o economista, é a forte ancoragem das expectativas inflacionárias.
Rochlin diz que o relatório Focus divulgado no final de julho indica que o mercado espera inflação abaixo da meta nos próximos três anos.
No ano, o IPCA exibe taxa de 2,4% e o acumulado de doze meses não passa de 3,3%.
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC este ano é de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,75% a 5,75%).
Para 2020, a meta é de 4,00%, com margem de 1,5 ponto (de 2,5% a 5,5%).
No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (2,00% a 5,00%).
Decisão do FED também corta a taxa básica de juros do país
O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, também cortou a taxa básica de juros do país, para entre 2% e 2,25%.
Esse é o primeiro corte na taxa desde 2008, quando chegou ao piso de 0 a 0,25%.
Essa é uma boa notícia para a economia brasileira e a Selic cai de olho na menor atratividade dos títulos norte-americanos. É o que diz o professor da FGV, Mauro Rochlin.
Segundo ele, esse fator pode impulsionar a compra de títulos brasileiros, e isso, por sua vez, incentivaria a venda de dólares no Brasil.
“Na sequência, com a queda do dólar, haveria uma redução no custo dos produtos importados, o que, ocorrendo, ajudaria a segurar a inflação. Assim, a queda da taxa de juros norte-americana seria o segundo fator”, indica o economista.
Consumo das famílias continua deprimido
A Selic cai também em função da fraqueza da economia, principalmente pelo consumo das famílias, principal componente da demanda agregada (60% do total), que permanece deprimido.
Mauro Rochlin ressalta que alta taxa de desemprego, de um lado, e elevado nível de endividamento das famílias, de outro, limitam uma retomada mais rápida do consumo.
Portanto, com renda e crédito estagnados, diminuem as chances de uma pressão inflacionária mais severa, diz o economista da FGV.
Afinal, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF), medida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), recuou. Uma queda de 1,7% na passagem de junho para julho deste ano.
O indicador, portanto, chegou a 89,8 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos. O que representa a quinta queda consecutiva.
Por isso, ao justificar a decisão, o BC avaliou que a evolução do cenário básico e, em especial, do balanço de riscos prescreve ajuste no grau de estímulo monetário.
Outros fatores apontados pelo professor da FGV
Mauro Rochlin destaca o comportamento dos chamados “preços estratégicos”, que têm apresentado bom desempenho.
São eles: alimentos, energia e combustíveis, itens que representam pesos consideráveis nos indicadores de preços.
De acordo com o economista, a oferta desses produtos tem se mantido estável. Portanto, sem previsão de alteração relevante.
Por fim, o professor da FGV sustenta que a recente valorização cambial também serve de motivo para a queda dos juros.
“Como a alta do real barateia o custo de importação, e como isso tende a desfazer pressões inflacionárias, supõe-se que a queda do dólar também favoreça a queda da taxa Selic”, indica Mauro Rochlin.
O economista, no entanto, pondera que a Selic cai após um longo período de estabilidade. E que a tendência pode ser o início de um novo ciclo de queda.
De olho nos investimentos!
A Selic cai e você tem que ficar atento aos seus investimentos. Isso porque quem tem títulos de renda fixa prefixados e atrelados à inflação vai perder dinheiro.
Ou seja, para quem tem fundo DI, Tesouro Selic, títulos bancários pós-fixados com proteção do FGC (CDB, LCI ou LCA, por exemplo) ou poupança, o momento não será bom para rentabilidade. Ou seja, você verá sua rentabilidade minguar ainda mais.
A boa notícia é para os ativos de risco. Além dos títulos com remuneração prefixada, um cenário de juro mais baixo é favorável.
Portanto, o investidor que não conhece bem o funcionamento da Bolsa deve começar suas aplicações por meio de um fundo de ações. Há ainda a opção dos fundos multimercados.
Outra boa opção são os produtos que têm rendimentos isentos de Imposto de Renda. Tais quais fundos imobiliários e os fundos de debêntures (títulos emitidos por empresas) de infraestrutura.
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