Tudo indica que a economia brasileira vai crescer em 2020. A projeção de diversos órgãos e especialistas é de que o aumento seja em torno de 2%.
No entanto, alguns cenários internacionais devem ser levados em consideração. Principalmente a guerra comercial entre Estados Unidos e a China que pode continuar com influência mundial.
O imbróglio entre as potencias mundiais pode reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) mundial em 0,8 ponto percentual em 2020, provocando perdas adicionais nos próximos anos. A previsão é do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Outros fatores externos que devem ser considerados são o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) e o desempenho da economia argentina que passa por forte recessão.
Contudo, no Brasil, a economia também depende do desempenho político do governo federal.
Afinal, apesar da aprovação da Reforma da Previdência, outras reformas econômicas importantes ficaram para 2020, como a tributária e administrativa.
O que o mercado aposta para 2020?
A última pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central elevou as perspectivas para a inflação, a economia brasileira e o dólar neste ano. Ao mesmo tempo voltou a subir a projeção para a taxa básica de juros no final de 2020.
O levantamento aponta que a inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve fechar em 3,60%. Em 2020, 3,75% em 2021, e 3,50% em 2022.
Para este ano, o índice foi ampliado de 3,33% para 3,46%, no terceiro ajuste consecutivo.
Com a previsão de inflação um pouco maior neste ano, o mercado financeiro voltou a esperar que a taxa básica de juros, a Selic, encerre 2020 em 4,5% ao ano.
Para 2021, a expectativa é que a taxa Selic termine o período em 6% ao ano. Para o fim de 2022, a previsão é 6,50% ao ano.
Já a estimativa de expansão do PIB subiu de 0,92% para 0,99% este ano. Para 2020, a projeção subiu de 2,17% para 2,20%.
Por outro lado, a expectativa para 2021/2022 permanece em 2,50%. A previsão para a cotação do dólar subiu de R$ 4 para R$ 4,10, no fim de 2019, e permanece em R$ 4 ao final de 2020.
Economista prevê cenário melhor
A aposta é da economista e coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, Silvia Matos. Ela diz que PIB brasileiro deve crescer 1,1% neste ano.
No entanto, segundo ela, o resultado da economia brasileira poderia ser meio ponto percentual melhor se a Argentina não estivesse passando por uma severa recessão.
Silvia Matos lembra ainda que a economia mundial apresenta uma redução bem expressiva. Principalmente em comparação aos últimos dez anos de crescimento.
Contudo, a economista aponta que problemas estruturais de crescimento, principalmente dos países desenvolvidos, também são fatores que devem ser levados em consideração.
Aliado a isso, crises políticas e tensões comerciais entre os Estados Unidos e China.
“Fator que tem gerado uma redução do comércio mundial, afetando a exportação de todos os países, e, com isso, o setor industrial é mais afetado”, explica Silvia Matos.
Em relação a 2020, Silvia Matos acredita que mantendo-se o cenário internacional conturbado, o PIB deve crescer 1,8%. Entretanto, a economista revela que essa é uma previsão conservadora.
O que esperar dos juros e inflação?
A economista do FGV, Silvia Matos, também ressalta que a previsão dos juros e inflação é a melhor notícia para 2020. Isso porque o país passa por uma recuperação econômica, sem risco inflacionário e com queda de juros.
Na avaliação da economista, as ações para controlar os gastos públicos foram essenciais. Aliado a isso, Silvia Matos aponta que o crédito público e os subsídios recuaram.
“Com isso, toda as políticas fiscais deixaram de ser expansionistas e, consequentemente, agora a política monetária pode ser expansionista”, relata a doutora em economia.
Silvia Matos lembra que pagamos uma dívida de 80% do PIB, muito acima dos países emergentes, e sofremos também com a má alocação de recursos ou maus investimentos, nos últimos anos.
“Estamos pagando uma conta bem severa e, por isso, esperamos que, nos próximos anos, nós consigamos efetivamente ter juros reais mais baixos”, esclarece.
Sobre a taxa Selic, a economista da FGV diz que a previsão é que os juros fiquem em 4,5%. Entretanto, diz que pode ser que ele reduza um pouco mais.
No entanto, a economista afirma que só vamos saber, no início do ano que vem, quando veremos com mais clareza o cenário de atividade e de inflação de médio e logo prazos.
Portanto, ela acredita ser melhor o governo refletir e avaliar do que depois ter que subir novamente.
Por fim, a economista do FGV IBRE reconhece que a discussão toda é que o equilíbrio macroeconômico é uma condição necessária, mas não suficiente para crescimento.
Silvia Matos diz que o que gera crescimento são os ganhos de produtividade. Isso, de acordo com ela, vem de uma agenda de reformas microeconômicas, e nós ainda estamos muito ruins neste quesito.
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