O brasileiro segue com dificuldade para poupar. Õ que acaba por influenciar na educação financeira infantil.
De acordo com pesquisa realizada pela Anbima em abril de 2019, 40% da população não guarda dinheiro e apenas 10% destina parte de sua renda para despesas futuras e poupança.
Outro grande problema é o endividamento, que acaba impactando na qualidade de vida das pessoas.
Segundo a educadora e psicóloga Angelica Rodrigues, que também é autora da coleção “Crescer e Enriquecer”, uma pessoa endividada tem mais chances de desenvolver problemas emocionais, digestivos e perder produtividade.
Esses impactos negativos acabam sendo absorvidos pelas crianças da família. Por isso, é importante que os pais sempre pensem “Será que eu estou sendo um bom modelo?”.
Pais envidados podem gerar filhos com problemas financeiros
Angelica destacou que os pais podem tentar ensinar seus filhos a lidar com dinheiro. Mas, se eles mesmos não organizam suas finanças e têm atitudes irresponsáveis, os filhos tendem a seguir o mesmo caminho.
“O primeiro passo para os pais educarem bem seus filhos é se reeducando. É preciso que eles resolvam seus problemas financeiros, mudem atitudes e se informem.”, explicou a autora.
“O segundo passo é trabalhar com a criança aspectos que são importantes para os adultos, como o tempo de espera para ganhar um brinquedo ou fazer um passeio. Isso porque ela vai levar essa experiência para a vida financeira e saber a hora certa de comprar”, concluiu Angelica.
Educar financeiramente não é tarefa fácil. Conforme Ana Paula Hornos, escritora e consultora de finanças, é necessário “respeitar a linguagem, as faixas etárias e as fases do aprendizado e desenvolvimento das crianças” para alcançar o resultado esperado.
Autora do livro “Crise Financeira na Floresta”, Ana Paula frisou que as crianças devem ser ensinadas a tomar decisões financeiras sem agirem por impulso.
Essa observação se aplica principalmente em situações de apelo ao consumismo, quando nosso cérebro tende a evitar dor e tensão e busca o prazer, que no caso é comprar.
“É possível treinar as crianças desde o berço à respeito de valores e comportamentos importantes na fase adulta para lidar com dinheiro, como por exemplo, a paciência, organização, disciplina, planejamento, gratidão e doação”, contou Ana Paula.
Todo o processo começa com a organização
Ter organização na vida como um todo é essencial para evitar problemas financeiros. Por isso, esse aspecto deve ser ensinado para as crianças desde cedo.
É importante que os pais definam com os filhos, por exemplo, os lugares para guardar brinquedos, livros, como organizar o material escolar e até a questão de horários.
“As crianças absorvem tudo o que está no ambiente. Então, se a gente procura oferecer um ambiente organizado e saudável, isso vai ser levado para as finanças futuramente”, explicou Angelica.
A educadora também falou sobre a importância de a família incentivar o filho a sonhar e buscar um talento. Uma vez que, no futuro, esses aspectos podem ser usados em uma atividade profissional.
Isso porque pessoas insatisfeitas com seu trabalho e área de atuação tendem a ficar entediadas e a buscar uma compensação. O que costuma vir por meio do consumo e acaba deixando muita gente endividada.
O papel da mesada na educação financeira infantil
Especialistas da área de educação financeira garantem que a mesada é uma boa ferramenta de educação financeira.
A idade correta para começar é entre sete e oito anos, quando a criança já conhece operações básicas de matemática para fazer contas e lidar com troco.
Ana Paula explicou que os pais devem seguir três finalidades para determinar o valor da mesada
-> Mostrar que dinheiro é recurso limitado;
-> Ensinar valores e princípios;
-> Praticar a autonomia.
A mesada realmente deve ser um recurso limitado, por isso, é preciso definir quais gastos ela vai cobrir.
Por exemplo, se for destinada à cantina, figurinhas de álbum e cinema, ela deve ser suficiente para tanto, sem que falte dinheiro.
“Ela deve ser justa! Nos dois sentidos! Justa de justiça, que seja razoável dentro dos critérios escolhidos e justa de apertada, para que a criança tenha que exercitar escolas e prioridades”, declarou a autora.
Ana Paula destacou que é preciso esperar e poupar, saber priorizar, diferenciar o que é necessidade e desejo. Além de saber doar e repartir são princípios importantes a serem ensinados na Educação Financeira.
“É importante que a criança aprenda a dar três destinos à mesada: a poupança, o uso e a doação.”
A autora ainda recomendou que os pais pratiquem a autonomia com os filhos dentro dos critérios escolhidos para a mesada. Mesmo que isso gere erros, os pais não devem emprestar mais dinheiro ou cobrir arcar pelo erro.
“Melhor cometer um erro e passar aperto financeiro com a mesada de pequeno, do que ficar no negativo quando adulto. Pais e Mães devem permitir que seus filhos exerçam autonomia e deixem as consequências naturais ensinarem. É de pequeno que se aprende!”, concluiu Ana Paula.
Como a psicologia financeira pode ajudar sua família
O desenvolvimento do comportamento econômico tem um viés psicológico por trás. O que auxilia na compreensão do processo de aprendizado, desenvolvimento do raciocínio lógico e da maturidade emocional.
“A psicologia traz o conhecimento que nos ajuda a desenvolver metodologias que podem realmente ser aplicadas”, contou Angelica Rodrigues.
A especialista explicou essa afirmação ao comparar o raciocínio lógico e herança no assunto entre uma criança de três anos e uma de dez, mostrando a importância de processo de aprendizagem adaptado às fases da vida.
“Na criança de dez anos, pode-se aplicar mais desafios e tarefas e cobrar mais resultados. Uma criança de três anos ainda não sabe abstrair. Não tem como apresentarmos para ela conceitos mais abstratos, porque ela simplesmente não vai entender”, disse Angélica.
Contribuições de Ana Paula para a Educação Financeira
No que diz respeito à educação financeira infantil, Ana Paula Hornos escreveu a coleção didático escolar “Educação Financeira e Valores” para Ensinos Fundamentais 1 e 2, que pode ser encontrada no site da Editora FTD.
Ana Paula também é autora do livro “Crise Financeira na Floresta”, que foi montado em versos com personagens da floresta para ser lúdico às crianças. A obra na loja virtual da Editora Geração.
“Temos a cigarra como personagem principal que em troca da dívida que faz com a formiga, dá sua viola em garantia. O problema é que ela faz o mesmo com vários bichos, sempre com a mesma viola!”, disse Ana Paula.
O livro fala sobre dívidas, empréstimos, juros e empreendedorismo de forma leve e divertida.
“A ideia é mostrar às crianças desde cedo, de forma didática, a importância do trabalho e de ser responsável com o dinheiro e as consequências que as dívidas podem trazer”, explicou a autora.
Apesar de ser indicado para crianças entre oito e 12 anos, a obra conta com um encarte para orientar pais e educadores nas discussões sobre conceitos e comportamentos trazidos na história da floresta.
A autora também indicou a leitura para qualquer pessoa que queira entender como acontece uma crise financeira, já que as economias brasileira e mundial seguem conturbadas.
Além disso, Ana Paula é empresária, educadora, coach e palestrante. Conheça mais sobre a especialista clicando aqui.
Coleção ‘Crescer e Enriquecer’ é de autoria de Angelica
Outra personagem importante desta reportagem, Angelica Rodrigues é psicóloga, educadora e escritora da coleção de educação financeira infanto-juvenil “Crescer e Enriquecer”, pela Editora Humanidades.
A coleção conta com 9 títulos para o Ensino Fundamental, sendo oito já publicados, mais um guia de orientações para os pais e professores. O nono e último livro será lançado em 2020.
Os títulos abaixo estão disponíveis no site.
1. A riqueza está em toda parte
2. As sementes da riqueza
3. Davi e a árvore da riqueza
4. A receita da prosperidade
5. Uma escada chamada vida
6. Dinheiro nasce em árvore?
7. Isabela e o segredo da riqueza
8. O mistério do Vale
“Nosso propósito não se limita a ensinar conceitos financeiros, mas principalmente trabalhar os aspectos emocionais e comportamentais atrelados ao uso do dinheiro”, comentou Angelica.
Ela explicou que a meta das obras é trabalhar com crianças e jovens a possibilidade de eles irem além do patamar até onde chegaram seus pais, para que eles tenham chance de conquistar seu sonho na vida adulta.
“Instruir sem preparar o emocional é como plantar semente num solo pedregoso. Assim, pretendemos ajudar os pais e professores a adubarem essa terra fértil na mente e coração de seus filhos e alunos, para que seja possível formarmos uma sociedade mais justa”, concluiu.
Além das literaturas infanto-juvenis, Angelica escreveu o título “Família, afeto e finanças – como colocar cada vez mais dinheiro e amor em seu lar”, publicado pela Editora Gente e voltado para adultos.
A autora também participa como docente do curso online Riqueza de Dentro pra Fora. Para acompanhar algumas aulas gratuitas, basta clicar no link destacado acima.
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